09/04/10

Ainda os prémios dos gestores

Alguêm (penso que o Van Zeller) veio com a conversa que, se se limitar os prémios recebidos pelos gestores, os "melhores" irão-se embora do país. Isso fará sentido?

A experiência dos EUA indica que não - "Of the 104 senior executives whose pay was set by the federal pay regulator in the last two years, 88 executives, or nearly 85 percent, are still with the companies even though their pay was drastically cut back, according to people briefed on the government data"; é verdade que não estamos a falar exactamente do mesmo assunto (num caso fala-se de sair do país, noutro de sair da empresa), mas a lógica do raciocínio é basicamente a mesma.

E, mesmo que aceitemos que são necessários gestores (coisa que eu duvido), e que um bom gestor da perspectiva de uma empresa também é bom para a sociedade no seu conjunto (o que também duvido), há alguma razão para pensar que os "melhores" são os que têm os maiores rendimentos? Afinal, não existe nenhum mecanismo que permita verdadeiramente detectar um "bom" ou um "mau" gestor - ao contrario de um restaurante, em que podemos ir a um e a outro e ver qual gostamos mais, os accionistas de uma empresa não têm acesso a uma realidade paralela em que em vez de terem, digamos, o António Mexia como gestor, tenham outra pessoa qualquer; na prática, é impossível saber se o António Mexia é melhor ou pior gestor que o Manuel Mexilhão - o que haverá é apenas um palpite que ele talvez seja o melhor gestor; assim, a probabilidade de os gestores de empresas realmente existentes serem mesmo os melhores gestores não é muito alta (não digo que seja nula, mas será muito inferior a 100%); por isso, se eles decidirem mesmo deixar o país e forem substituídos por outras pessoas, existe uma probabilidade não desprezível de os novos gestores até puderem ser melhores que os originais.

2 comentários:

Anónimo disse...

irão-se?

Ele disse "irão-se" ou é o autor do texto que escreve "irão-se"?

Miguel Madeira disse...

É mesmo o autor do texto.