18/05/10

Pergunta

Não estará na hora de alguns deputados do PS que se situem à esquerda do governo, como o João Galamba e o Miguel Vale de Almeida, pura e simplesmente apresentarem a sua demissão? O obstáculo "ter que cumprir o mandato" não só não existe, como, doravante, o que lhes será pedido é justamente o contrário de cumprir o mandato (se por este entendermos o resultante de um contrato político). Neste momento a demissão começa a ser a única forma, creio, de respeitarem a vontade dos eleitores que neles confiaram enquanto sinal de abertura do governo a qualquer coisa mais à esquerda. Eu sei que estas "intimações" não se fazem e que as coisas são mais complexas e que tudo é mais complicado e peço desculpa se incomodo os senhores deputados e nem se trata de acusá-los de traição se não se demitirem - até porque, no caso do Miguel, eu (peço desculpa pelo tom paternalista, mas ele perdoará) na altura "bem que o avisei" . Enfim, não haverá uma altura em que um pouco de ortodoxia e de populismo (sim, de culto da ruptura) resulta tão ou mais importante como a atenção à complexidade?

4 comentários:

Dallas disse...

Mas porquê a preocupação com Galamba, Vale de Almeida ou Alegre? Se a política que interessa é a de quem vem por trás da dianteira...

Miguel Serras Pereira disse...

Welcome, camarada Zé Neves. Já estava a sentir-me um tanto isolado aqui na casa desde que publiquei o post sobre "É esta a igualdade que Manuel Alegre compreende" aqui há uns dias.
Aqui vai mais um contributo para os considerandos das nossas questões à candidatura, ao MIC, e aos militantes do PS ou sua área que ainda não tenham desistido de pensar que a liberdade e a igualdade são condições uma da outra, são condições da democratização do poder político, são condições da democratização dessa instância maior de governação que dá pelo nome de economia.
Refiro-me ao seguinte post do José Castro Caldas nos Ladrões, "Derrotados e Conformados" (http://ladroesdebicicletas.blogspot.com/2010/05/derrotados-e-conformados.html ) onde se lê: "Não compreendo a complacência da esquerda do PS com o PEC reforçado. Não é só a taxa de IVA de 6% sobre os bens essenciais o que está errado. Tudo o que sabemos (bem sei que é pouco) nos diz que o efeito do PEC reforçado, até porque coordenado com outros como ele em toda a Europa, só pode ser recessão, desemprego, crise social e no fim de tudo défice ainda e mais dívida pública. O PEC reforçado não é só injusto é também estúpido: não resolve o problema que o motiva. Não havia alternativa? Solidariedade em momentos difíceis? Bem sei que há escolhas difíceis que nos empurram para cometer crimes. Um crime é o que está anunciado. Nenhuma complacência. Tudo a favor de que o crime não seja consumado.
A direita, já sabemos, até gosta - a crise para ela é a oportunidade para as “reformas estruturais”, isto é, para a redução da provisão pública aos mínimos e a instauração da selvajaria nas relações laborais – mas o conformismo dos socialistas “de esquerda”, espanta".

Abrç

miguel sp

LAM disse...

"a demissão começa a ser a única forma, creio, de respeitarem a vontade dos eleitores que neles confiaram..."

Caro Zé Neves, vai-se vendo que, se nesses lugares das listas que os levaram ao parlamento estivesse o Pato Donald, os eleitores teriam votado na mesma.

Anónimo disse...

apesar de tudo, parece-me que o Pato Donald, há muito desparecido do mundo do trabalho, perceberia melhor os problemas da precariedade. O deputado vale de almeida, a julgar pelo recente posicionamento sobre o problema dos bolseiros de investigação, não está par da situação.

Ou seja, estou em crer que o Pato Donald seria um melhor representante para algumas matérias.