13/07/10

The Crises of Multiculture?

Antes do lançamento do livro, um debate:


Across the West, something called multiculturalism is in crisis. Regarded as the failed experiment of liberal elites, commentators and politicians compete to denounce its corrosive legacies; parallel communities threatening social cohesion, enemies within cultivated by irresponsible cultural relativism, mediaeval practices subverting national ‘ways of life’ and universal values. Muslims have been the chief beneficiary of this discredited epoch; licensed by its delusions, they have been left unsupervised, and the proliferation of ghettos, extremism and illiberal excesses is the troubling result.

This book challenges this familiar narrative of the rise and fall of multiculturalism by challenging the existence of a coherent era of ‘multiculturalism’ in the first place. Instead, what we are witnessing is not so much a rejection of multiculturalism as a rejection of lived multiculture. In documenting this mainstream racism and the anxieties that inform it, Lentin and Titley argue that the crisis is a projection of neoliberal societies’ disjunctures, a projection now obvious in fantastical discourses of integration. Combining theory with a reading of contemporary events, it examines the transnational, mediated nature of crisis, and argues that it provides activists with a chance to transcend the limitations of culturalised politics for an internationalist commitment to a resurgent anti-racism.

5 comentários:

Unknown disse...

"Muslims have been the chief beneficiary of this discredited epoch; licensed by its delusions, they have been left unsupervised, and the proliferation of ghettos, extremism and illiberal excesses is the troubling result."

Ou estou a ler muito mal ou alguém se descuidou com a Bat Ye'or e o Alexandre del Valle (já para não falar do Paul Berman, da Maria do Céu Pinto e do Daniel Pipes).

Miguel Madeira disse...

Tomo a liberdade de repostar o que escrevi há uns anos atrás sobre o multiculturalismo:

Para começar, o que é o "multiculturalismo"? Nem eu sei bem, mas creio que podemos dar-lhe, pelo menos, 3 sentidos possíveis:

A-achar que é desejável que haja várias tradições culturais dentro de uma sociedade;

B-achar que devemos estar abertos a outras culturas, sem nos deixarmos levar pelos nossos preconceitos de origem; ou

C-achar que não há valores universais, independentemente da "cultura"

Ora, é perfeitamente possível subscrever alguns destes sentidos sem subscrever outros. P.ex, os sentidos B e C, filosoficamente, são quase opostos: um é de base racionalista/iluminista (o individuo deve-se "libertar" da tradição), o outro é exactamente o oposto (nós não passamos de escravos da nossa tradição particular).

Também é perfeitamente possível defender a coexistência de varias culturas e acreditar em valores universais: uma pessoa pode ser a favor do multiculturalismo-A exactamente por achar que, havendo várias tradições em paralelo, os individuos serão menos influenciados pela "sua" tradição particular e, assim, mais facilmente descobrirão os "valores universais". O inverso é também possível: alguma extrema-direita é contra o multiculturalismo-A exactamente porque acha que a "mistura" destrói as especificidades nacionais, ou seja, é radicalmente anti-universalista

João Pedro Cachopo disse...

Lpb,
o livro ainda não foi publicado, mas parece-me prematuro associar – se é o caso - o parágrafo que cita à retórica do de Valle, p. ex.

Miguel,
Fizeste bem em repostar. As achas que atiras para a fogueira da discussão, tomo-as como pretexto para dizer que o problema se joga – parece-me – ao nível da instrumentalização dos discursos: se, por um lado, o discurso multiculturalista pôde ser instrumentalizado para caucionar práticas medievais, extremismos religiosos ou, até, através de uma retórica enviesada, o discurso ecuménico; por outro, o discurso universalista que se lhe opõe também o pode ser pelo racismo (pode ser, insisto, não o é necessariamente)...
Penso que o livro pretende debater estes temas, contestando a ideia de que o multiculturalismo conduz ao relativismo, denunciando, à vez, a instrumentalização dos discursos multiculturalistas e anti-multiculturalistas. A seguir.
Abç

lpb disse...

Não se trata de fazer associações supostamente prematuras. A expressão é, por si, claríssima. "They [os muçulmanos] have been left unsupervised, and the proliferation of ghettos, extremism (!!!) and illiberal (!!!) excesses is the troubling result".

O Del Valle não diria melhor.

João Pedro Cachopo disse...

Caro lpb,
Não faz sentido associar o txt que linkei ao Del Valle, simplesmente, porque eles estão nos antípodas um do outro. Se reparar bem no texto todo, constatará que se trata de problematizar a narrativa acerca da hegemonia e declínio do discurso multicultural para, de modo crítico, reabilitá-lo e prevenir que discursos racistas instrumentalizem a crítica do multiculturalismo.
O Del Valle formulou a mirabolante teoria da Red-Green-Brown Alliance. Parece-lhe uma teoria multicultural?
Cordialmente