23/07/10

Para acabar de vez com a política (II)

Um aspecto interessante neste post do João Miranda é que ele (e todos os que responderam "excelente texto"), largemente, "abre o jogo" e confirma o que o Daniel Oliveira escreve aqui:

DO - "Pagando pelos serviços do Estado, quem paga mais impostos fará pressão para pagar menos. O caminho está traçado: Campos e Cunha e vários economistas já propõem a taxa fiscal plana. Ou seja, preparam o País para o Estado assistencialista em vez do Estado Social redistributivo"

JM - "A eliminação das regras constitucionais que suportam o actual sistema público abre um conjunto de possibilidade que poderão desestabilizá-lo (...) Mais importante, reduzem o apoio político ao financiamento do sistema público através dos impostos. Se uma grande parte da população tiver que pagar aquilo que agora é gratuito, passa-se mais facilmente para o lado daqueles que defendem a redução de impostos."

13 comentários:

Justiniano disse...

Caríssimo MSP, o problema é que ambos laboram em sanha de exagero. Onde um vê um inferno previsível o outro vê um espectável paraíso. E, de facto, a referida quase proposta do PSD, a que abre esta discussão, perde-se pelo meio!! Torna-se irrelevante!!
O mais extraordinário, no meio de tudo isto, é que todos sabem não haver nada para além da social democracia, do Estado social de direito e, consequentemente, ninguém no seu perfeito juízo político o quer desconstruir como compromisso constitucional!!

Miguel Serras Pereira disse...

Caríssimo Justiniano,
o autor do post não sou eu (MSP), mas o espelho de libertários e nosso leal camarada Miguel Madeira (que, por simples convenção, é certo, mas solidamente estabelecida, costumamos aqui no blogue "siglar" MM).

Com as saudações amistosas de sempre

msp

Justiniano disse...

Caro Miguel Madeira, mil desculpas! Só mais tarde me apercebi do lapso de instinto em relação ao nome Miguel, aqui neste blog!!

Bem sei, caríssimo MSP!!
Pelo lapso me penitencio!!
Um bem haja,

Niet disse...

O que quer dizer, segundo um dos mentores do blogue, MM espelho de libertários? Eu nunca vi MM citar Bakounine, Kropotkine, Serge, eu sei lá...Será que o MM é mesmo libertário?!? E gosta que o conotem com tal? Para quem anda a citar os protóptipos da Comunicação Social internacionais- CNN,Daily Telegraph, Bloomberg Sindicates- como ele, MM, o faz, a coisa parece-me um tanto ou quanto forçada. E como ele, MM, se cala, face a tais determinações ideológicas...Tem a palavra. portanto. Niet

Miguel Madeira disse...

"Eu nunca vi MM citar Bakounine, Kropotkine, Serge, eu sei lá..."

No meu outro blogue costumo citar o proudhoniano Kevin Carson; conta?


"Será que o MM é mesmo libertário?!? "

Repito o que escrevi - num dias sinto-me mais anarquista, noutros mais marxista anti-burocrático, às vezes até tenho recaídas social-democratizantes...

"E gosta que o conotem com tal?"

Até gosto.

Niet disse...

Obrigado pela sua resposta.Bakounine discutiu muito com Proudhon em Paris, nos anos fantásticos de 1868/70. E o que é que discutiam pela madrugada fora: Hegel!Niet

Miguel Serras Pereira disse...

Caro Miguel (M),
muito, muito bem respondido.
Cordial abraço sem deus nem senhor, libertário e sem patente registada

miguel (sp)

miguel disse...

Niet: "Bakounine discutiu muito com Proudhon em Paris, nos anos fantásticos de 1868/70 [...]"

Niet, Proudhon morreu em 1865 ;-)

Niet disse...

M. Madeira: Vamos lá a rectificar as datas. Eu tentei,previamente, consultar a Correspondência de Bakounine. Como se tornava dificil localizar- ainda tentei nas notas de Arthur Lehning...Mas decidi arriscar e errei a data, não o sentido essencial da minha proposição, claro. Acima de tudo, o que importa sublinhar, é que Bakounine estimulou maravilhosa e livre amizade com Proudhon, com quem discutiu profundamente Hegel, que tinha estudado durante dez anos em Berlim. Ora, Bakounine viveu em Paris de 1843 a 1847, pelas minhas contas. Arnold Ruge em carta para o irmão, datada de 1847,diz que encontrou Bakounine em casa do músico Reichel em companhia de Proudhon, e que eles discutiram o sistema filosófico de Hegel até altas horas de madrugada.
Aqui fica o esclareciento, pois, e gostei muito do estilo e humildade transparente do M. Madeira, o que é de realçar nos dias que correm. Salut! Niet

Justiniano disse...

Caríssimo Miguel Madeira,
"num dias sinto-me mais anarquista, noutros mais marxista anti-burocrático, às vezes até tenho recaídas social-democratizantes...", compreendo-o perfeitamente e digo-lhe que até vai bem, com um eixo coerente, ou pelo menos plausível de coerencia. Vai bem, dizia, pois que há dias em que a amálgama de contradições incoerentes me leva a colocar, quanto a mim, a hipótese do ornitorrinco!!
Um bem haja para si,

Caríssimo Niet, são virtudes a cultuar, sem dúvida, e há enorme virtude no seu reconhecimento e afirmação! Há que eleger a virtude, sempre!
Um bem haja,

CN disse...

" é que todos sabem não haver nada para além da social democracia, do Estado social de direito e, "

Pois, cada época fica muito convencida de ser o fim da história.
A social-democracia para se manter necessita de:

- que o sistema monetário baseado em bancos centrais não colapse (e na sua total extensão só existe desde 1973, por outro na história nenhum sistema de moeda-papel-fiat sobreviveu)
- que os Estados actuais não sejam confrontados com a partição em catadupa (independentismos, que a suceder retirem capacidade de estatizar, e eu apostaria que a esquerda quando o perceber vai passar, ao contrário de até agora, a ser hostil ao conceito de secessão)
- que a ideologia da social-democracia predominante que tenta convencer da sua utilidade (nível de vida, etc) para a maioria da população

Vamos ver.

Niet disse...

OH, Manuel Madeira: Puxe dos seus galões e ataque- com diplomacia e sem personalismos espúrios-o engraçadissimo comentário de CN sobre a incontornável Social-Democracia...O CN deve estar a pensar nos fiordes da Noruega ou nos lagos suecos, onde se pesca muito salmão e se passam umas boas férias sem álcool nem charutos, porque estes suplementos custam mais do que o triplo no espaço UE. O Peter Mandelson- que inventou a "Terceira Via", teoria estratégica da S-Democracia anglo-saxónica que deu a fama e o proveito a Tony Blair-acaba de publicar as suas " Memórias: O Terceiro Homem"- e não consegue imaginar um New Labour...As receitas não conseguem fazer " recuperar " o Capitalismo da era Post-Industrial.E o militarismo aparece como uma opção destrutora para gerar - no Médio Oriente e Golfo Pérsico- regimes fantoches susceptiveis de " colaborar " com arremedos de soluções neo-coloniais de curta duração. Niet

Justiniano disse...

Caro CN, sim! Algum disso, mas muito, muitíssimo mais!! Comulativa, alternada, sincronizada e tudo mais!! Até a desditosa erosão inflaccionária é imprescindível a longo prazo!! O Estado social de direito é a mais complexa construção, cultural, social, jurídica e económica a que nos propusemos na história! É a nova palavra, adoptada universalmente. Contam-se por poucos os Estados que à nova verdade se não consagraram!!
É neste sentido que poderemos seguramente dizer que nada há para além do Estado social de direito, hoje e neste amanhã!!
Um bem haja,