25/11/10

Ontem

Dois problemas maiores de qualquer acção de luta habitam, por regra, nas tentações na hora do seu balanço. É a da chapa gasta dos burocratas louvaminhas que coleccionam "sucessos da luta de classes" como se fossem cromos da bola. Também a dos cépticos sistemáticos que pedem mais além de mais. Assim, um balanço de uma greve geral é um apelo irresistível aos semeadores de lugares comuns e de estereótipos. Contra a corrente, o Rui Bebiano apresentou um conjunto de notas de reflexão sobre a greve geral de ontem que merecem serem fios para discussão.

O melhor da greve geral foi o envolvimento de novos sectores laborais normalmente relapsos a participarem neste tipo de iniciativa. Factor positivo, a que nem o empolamento cretino dos “mais de três milhões de grevistas” retira significado. Tanto mais que foi evidente que a greve geral se não foi máxima no sector público foi, isso sim, mínima no sector privado. E se revelou novas disposições de participação e luta, também salientou a forma enraizada como estão acantonadas as resistências à luta e à partilha de esperança em efeitos de mudança (a esquerda revolucionária e os sindicatos continuam incapazes de indicarem alternativas e muito menos de as construirem). E é por esta minha interpretação da semi-decepção na ressaca sobre a greve que julgo que o Rui Bebiano onde viu limitações por ausência de acções complementares (dando visibilidade e participação pública ao evento) ao acto grevista propriamente dito elevou as suas expectativas acima das possibilidades pelas limitações da greve em si mesma. As insuficiências estiveram “dentro da greve” e não por esta “não ter saído à rua”.

(publicado também aqui)

3 comentários:

Juizo disse...

ganha juízo pá. Queé que tu fiseste para o sucesso da greve pá? queé que tu ajudaste na luta pá? e os trabalhadors do estado não são trabalhadores? ganha juizo pá. tiveste nalgum piquete pá? ganhast e trouxeste alguem para a greve pá?so sabes fazer a estratégia tipica dos xungas, fazer de conta que apoiam pa depois dizer que as coisas correram mal e assim dividir trabalhadares.
retirado do blog Sem punhos d renda.desmonta isto pá se tens capacidade.

Segue breve lista de
empresas, todas do
sector público
como se percebe logo
pelos nomes, onde houve
significativas adesões
à greve geral:

Autoeuropa
Setenave
Lisnave
Valor Ambiente
Gráfica Sacavenense
Rodoviária Alentejo
Cimianto
St. Gobain
Electrofer
Atlantic Ferries
Ferfor
Construções Vilaça & Pereira
Confetil (têxtil)
Bestoff ( ")
CelCat
Metal Sines
AP (Químicos)
Danone
Vista Alegre
Recipneus
Soflusa
Rodoviária de Lisboa
Brisa
Safires Services (limpeza)
Sapa Portugal
EDP
Inapal Metal
Christhian Dietz
Eurest
Climex
...

E sabem que mais ?

Não estou para me cansar mais
por vossa causa.
Se quiserem ler os nomes
de mais umas centenas
vão à página da greve geral
da CGTP.
Passar bem.

Miguel Serras Pereira disse...

Juízo disse…

Que sabes falar, já a gente percebeu, pá. Não podias dizer alguma coisa, só para variar, pá?

msp

maria disse...

só li o título : ontem soube a pouco. pois soube. já não há patrões contra os quais fazer greve ( para aí 85% das empresas são pequenas e médias empresas , com relações de proximidade com os funcionários. o champalimaud já morreu , não sei se sabem...) . greves fazem-se contra o patrão e foi isso que se passou , aparte a autoeuropa ( que quis mostrar qualquer coisa , mas empresas como essas , de operários , infelizmente , há muito poucas ) : a função pública grevou contra o seu patrão . nós , os restantes? amanhem-se . queriam solidariedade ? tirem o cavalinho da chuva. ontem olhavam-nos de soslaio , os não sei quê de primeira , com pensões médias de 1500 euros , enquanto 80% dos outros pensinistas recebe uns 400 euros . olha , hoje só há dinheiro para técnicos de 2ª. é a vida , tipo interruptor , para baixo e para cima.