13/06/11

Esquerda vs. Direita

O Rui Tavares, em texto hoje publicado no jornal Público, aborda a diferença entre Esquerda e Direita a propósito da contestação no blogue 31 da Armada à sua caracterização da Esquerda como uma "(...)aliança daqueles que não são ricos nem poderosos.". No texto que é publicado hoje, o Rui Tavares assinala a diferença de perspectiva que Esquerda e Direita têm de si e da outra parte. No entanto, na verdade, Esquerda e Direita até concordam no que respeita ao que de mais fundamental as distingue: a atitude perante a igualdade. Não é por acaso que a crítica no 31 da Armada não incidiu sobre o resto da descrição da Esquerda feita pelo Rui Tavares: "(...)uma aliança de pessoas livres e iguais, fraternas entre si na mesma dignidade." Porque na essência, a Direita concorda com a Esquerda nesta sua caracterização. A Direita, nenhuma Direita, aceita a igualdade. Todas enfatizam o mérito: algumas pessoas merecem mais (poder) do que outras. A Direita, toda a Direita, acha portanto desejável e justificada a desigualdade, com base no mérito. A discordância dentro da Direita, é sobre que desigualdade é justificável e qual não é. Temos assim, por exemplo, os liberais a justificarem a desigualdade económica mas a criticarem o racismo, enquanto os teocratas justificam a desigualdade com base na religião enquanto até podem criticar a existência de desigualdades económicas. Em suma, o objectivo último da Esquerda é a igualdade, e parece-me que todos à Esquerda concordam com esta afirmação - no que diferem é nos meios que defendem para atingir tal fim. Há medida que estamos dispostos a aceitar, que defendemos como justa, cada vez mais desigualdade, mais nos movemos, politicamente, para a Direita.

Do que acima foi dito, resulta uma discordância com a afirmação feita pelo Rui Tavares, no texto hoje publicado, de que há ditaduras de Esquerda. Não há. Há ditaduras que se justificam afirmando que partilham do objectivo da igualdade, caracterizando-se assim como de Esquerda. No entanto, como é óbvio, numa ditadura há uma imensa desigualdade política, entre aqueles que detêm o Poder, para expressar as suas opiniões e para decidir livremente, e os outros. Desigualdade essa que quase sempre vem acompanhada de desigualdade económica, no acesso a bens materiais, e social, na deferência que é exigida por quem e dada a quem detém o Poder. Como é então possível achar que uma ditadura é um sistema político de Esquerda?

11 comentários:

Miguel Madeira disse...

Sobre se pode haver ditaduras de esquerda, eu escrevi isto há uns tempos - no fundo, depende do que definirmos como "ditadura"

Pedro Viana disse...

Olá Miguel,

Não acho que a tua definição 2. de ditadura seja válida. Se o fosse qualquer sistema politico seria uma ditadura, pois num sistema político são sempre tomadas decisões que desagradam a alguém, que tem todo o direito de caracterizar certa decisão como ditatorial, ou seja atentatória da sua liberdade, dos seus direitos "naturais" (ie. porque sim, porque essa pessoa assim os define). E, segundo a tua definição 2, no limite basta apenas uma pessoa gritar Ditadura! para um sistema político passar a sê-lo. Se pretendemos que ditadura tenha algum significado operacional, então só pode significar o contrário de democracia, ou seja a tua definição 1.

Um abraço,

Pedro

Anónimo disse...

Os liberais não são contra a igualdade como afirma. Se ele é precedida por princípios éticos baseados na liberdade individual não constitui qualquer problema.
A diferença entre liberais e socialistas é uma questão de meios e fins. Os socialistas consideram que a igualdade mesmo que resulte na retirada de liberdades básicas entre pessoas é aceitável. Daí a necessidade de existencia de um estado grande para poder criar esses instrumentos de controlo. Os liberais obviamente que não. O estado a existir terá um carácter defensivo. Por outro lado deveria dizer o que considera ser igualdade. esse termo abstracto pode trazer em si muitas construções diferentes. Se igualdade é toda a gente ter acesso serviços considerados básicos, se é estabelecer um nível médio de vida, eliminando os mais ricos e os mais pobres ou se é por exemplo, e de um ponto de vista mais "libertário" uma sociedade sem hierarquias.

Tiago

Anónimo disse...

"...o objectivo último da Esquerda é a igualdade, e parece-me que todos à Esquerda concordam com esta afirmação - no que diferem é nos meios que defendem para atingir tal fim."

esta frase é sintomática de que os socialistas consideram que os fins justificam os meios.

Tiago

Anónimo disse...

só para finalizar. por essa razão, é que pode haver ditaduras de esquerda. A existência de um serviço de saúde universal por exemplo.exclui a escolha individual desse plano, exclui muitas vezes uma decisão democrática directa, é autoritário, é baseado no planeamento central comum a todas as ditaduras, controlo de preços e concorrência, tudo aquilo que é praticado normalmente numa ditadura.

mesmo que isto se passe numa democracia, para mim é sé uma questão formal. no fundo comporta-se como uma ditadura, ultrapassando direitos básicos para atingir fins comuns.

Pedro Viana disse...

Caro Tiago,

Só não vê quem não quer. Que significa a igualdade ser "precedida por princípios éticos baseados na liberdade individual" senão que, entre coisas, há uns mais iguais do que outros quando é altura de decidir.? Ou não é verdade que o Tiago defenderá, por exemplo, que efectivamente quem se opõe à colectivização de propriedade privada deve ter direito de veto, ou seja o seu voto na matéria valer mais do que o voto oposto de cada uma das pessoas constituintes duma eventual maioria? Aceita a Democracia plena, todos os votos com igual peso em todas as decisões que afectem uma dada comunidade? Não há igualdade mais básica do que esta. Negando-a, confirma o que eu afirmei no post.

O conceito de "estado defensivo" advém da noção de liberdades negativas, nas quais os liberais gostam de incluir o direito à propriedade privada. Obviamente, que o Estado só defende quem o Estado acha que é detentor de propriedade, só defende a "liberdade" dos "proprietários". Sonegando, no processo, a liberdade de todos os que não reconhecem os direitos de propriedade atribuídos pelo Estado. Ninguém defende a "Liberdade", e, desculpe, é preciso ser um pouco néscio para acreditar em tal. Porque é óbvio que não é possível defender a liberdade de todos fazerem simultaneamente o que querem. Qualquer decisão que envolva consequências não desejadas por alguém, implica uma perda de liberdade dessa pessoa. E obviamente praticamente todas as decisões com interesse colectivo possuem tais consequências. Todas as ideologias políticas defendem escolhas que limitam a liberdade de alguns. Neste aspecto, a Esquerda prefere defender escolhas que limitam a liberdade de poucos em favor de muitos, ao contrário do que se passa frequentemente à Direita.

Quanto à definição de igualdade, é tudo o que menciona. A igualdade é um conceito que se aplica a todos os aspectos da vida em comunidade. É possível por exemplo, aumentar (e diminuir) a igualdade económica, em particular de rendimentos, mas também no que respeita ao acesso a serviços. Mas também existe a igualdade social, associada à hierarquização da sociedade, por classe, sexo, etnia, etc, ou no âmbito do local de trabalho. Já para não falar da igualdade política, que deriva da efectiva implementação dum sistema de decisão democrático: uma pessoa um voto, a maioria decide. É perfeitamente possível aumentar a igualdade em certos aspectos e diminuir noutros, como aconteceu nos antigos países ditos socialistas, onde havia uma muito menor desigualdade económica do que, por exemplo hoje em Portugal, mas onde a desigualdade política era muito maior.

Quanto à frase que diz ser "sintomática de que os socialistas consideram que os fins justificam os meios", acho que não está a perceber bem o que escrevi. Entre quem discute à Esquerda sobre os meios, há quem exactamente defenda, como neste blogue, ao contrário de outros é verdade, que os meios não podem ser incoerentes com os fins que se pretendem atingir.

Quanto ao seu comentário final, remeto para o que já afirmei no início, e deixo-lhe a questão: quem decide que direitos básicos são esses de que fala? Ou é uma minoria, ou uma maioria. Seja quem fôr, a outra parte tem todo o direito de gritar Ditadura! E quem tem razão?... Eu prefiro confiar, genericamente, no interesse da maioria. É tão simples como isto. Só faz sentido falar em Ditadura como antónimo de Democracia.

Anónimo disse...

"Que significa a igualdade ser "precedida por princípios éticos baseados na liberdade individual" senão que, entre coisas, há uns mais iguais do que outros quando é altura de decidir."

está a querer dizer que há uns com mais poder que outros... certamente. não há sistemas perfeitos. Vai haver sempre sistemas em que as pessoas têm mais poder que outras. Se forem mais inteligentes, se não tiverem deficiências, se tiverem pais ricos, se nascerem em África ou na Europa... mas a questão é em que sistema é que as pessoas conseguem atenuar as relações de poder conforme as suas capacidades? num sistema baseado no individuo ou baseado no planeamento central...acho que não preciso de dizer a minha resposta... mas de acordo com o sentido que deu à frase está a dizer que a igualdade não deve ser precedida por princípios éticos?

"Aceita a Democracia plena, todos os votos com igual peso em todas as decisões que afectem uma dada comunidade?"

se for uma comunidade a que pertenço de forma voluntário submeto-me às regras politicas de cada uma. se é uma comunidade de artistas, um condomínio, uma associação de festas, ou uma família, aceito o processo democrático ou outro que se adequar melhor à situação. é um exemplo em que o processo democrático e o processo de "igualdade" é baseado em princípios éticos. um estado não é uma comunidade, nem a sua pertença envolve um contrato voluntário...

considero obviamente a propriedade privada um direito. tem por exemplo as aldeias de portugal. muitos terrenos agrícolas existiram de forma que não eram reconhecidas pelo estado, e existia trabalho para todos dependendo de cada comunidade. não é necessário o estado para reconhecer a propriedade privada. tem também a questão das favelas no Brasil ou dos bairros ilegais na índia. existe propriedade privada e espaço publico sem intervenção do estado, mas fruto da coexistência e cooperação entre pessoas. portanto a ideia que a propriedade privada só existe por causa do estado é falsa.

"quem decide que direitos básicos são esses de que fala?"

se a maioria afirmar que a guerra e a morte de inocentes é legítima torna-a a ética? continuaria a "confiar" na decisão da maioria?
obviamente que eu sei que a sociedade só muda quando a maioria das pessoas atingem um consenso relativo.e nesse sentido defendo a democracia: como um caminho inevitável para um sociedade mais justa. e não tenho esperanças de alguma vez viver de acordo com os meus princípios...

agora, e que provavelmente vai concordar, não pode esconder a perda de liberdades que temos assistido nos últimos anos das pessoas, e nesse sentido no aumento cada vez maior do poder do estado sobre o indivíduo. vou só dar um exemplo que pode ser descabido mas que para mim é paradigmático de tão ridículo que é. sabia que por exemplo é proibido construir casas sem bidés?
onde quero chegar- se continuarmos a avançar num caminho de "fins" esquecendo os "meios" estamos inevitavelmente a chegar a um estado autoritário próximo da ditadura. uma democracia sem uma constante vigilância sobre a protecção e o questionamento dos direitos das pessoas leva inevitavelmente a contornos autoritários quer se trate de esquerda, centro ou direita.

tiago

Pedro Viana disse...

"a questão é em que sistema é que as pessoas conseguem atenuar as relações de poder conforme as suas capacidades?"

Desculpe, Tiago, mas vejo que ainda está muito verde para estas discussões, porque ainda não demonstrou perceber o cerne do post que escrevi. A Esquerda valoriza todo o ser humano igualmente. Portanto, defende que as relações de poder devem ser diminuídas (até ao seu desaparecimento) **independentemente** da "capacidade", ou "mérito", de alguém. Seja esse alguém mais inteligente, bonito, branco, homen, europeu, filho de pais ricos, a Esquerda defende que não deve deter mais poder, seja de que espécie fôr, do que qualquer outra pessoa. No limite é uma utopia. Na prática há muito que caminhar na direcção dessa utopia. A Direita não o quer fazer, em nome da "liberdade" dos que detêm poder, por intermédio das características antes mencionadas e outras, poderem exercê-lo (mesmo que para isso, quase sempre, tenham de coertar a liberdade de quem não tem esse poder - e nada melhor evidencia tal do que a proibição de usufruto da "propriedade privada" por parte daqueles que não têm poder sobre ela).

"está a dizer que a igualdade não deve ser precedida por princípios éticos?"

A igualdade é um princípio ético. **O** princípio ético que diferencia a Esquerda da Direita.


"se for uma comunidade a que pertenço de forma voluntário submeto-me às regras politicas (...) um estado não é uma comunidade, nem a sua pertença envolve um contrato voluntário..."

E portanto defende que o exercício do poder deve estar desigualmente distribuído, em particular o poder do Estado deve estar nas mãos (minoritárias) daqueles que defendem o estatuto da (minoria) que detém o poder (sócio-económico). A tal "liberdade"... tão previsível...

"existe propriedade privada e espaço publico sem intervenção do estado, mas fruto da coexistência e cooperação entre pessoas. portanto a ideia que a propriedade privada só existe por causa do estado é falsa"

Tanta confusão... aceito o reconhecimento efectivo da propriedade privada "fruto da coexistência e cooperação entre pessoas", ou seja se reconhecida democraticamente pela comunidade (que pode estar organizada em Estado) como no seu interesse. Se o Tiago também valoriza tal, então é porque não reconhe a propriedade privada como um direito (natural). Porque os direitos (naturais) de alguém, por definição, não são passíveis de serem retirados fruto de decisão colectiva.

"se a maioria afirmar que a guerra e a morte de inocentes é legítima torna-a a ética? continuaria a "confiar" na decisão da maioria?"

Qualquer pessoa tem o direito de resistir perante decisões e acções que considera prejudiciais para si ou para outros. Confio que em geral a maioria decide mais vezes em prol do bem-comum, ou seja o bem da maioria, porque tal é no seu interesse, do que uma minoria. Parece-me óbvio.

"uma democracia sem uma constante vigilância sobre a protecção e o questionamento dos direitos das pessoas leva inevitavelmente a contornos autoritários quer se trate de esquerda, centro ou direita"

Uma "democracia" que é cada vez menos uma Democracia, porque o poder da escolha política individual cada vez tem menos impacto naquilo que afecta cada um, principalmente devido à incapacidade para afectar a concetração do poder sócio-económico, é cada vez mais uma ditadura.

Anónimo disse...

Caro Pedro,

tem razão, sou bastante verde nestas questões. então esclareça-me umas coisas se não incomodar muito.

"Seja esse alguém mais inteligente, bonito, branco, homen, europeu, filho de pais ricos, a Esquerda defende que não deve deter mais poder, seja de que espécie for, do que qualquer outra pessoa."

e se essa relação de poder for voluntária? ou seja a submissão voluntária de um filho ao pai? de um empregado a um patrão?
e se essa relação de poder for de talento. o cristiano ronaldo ganha muito mais do que um jogador da segunda divisão. se uma pessoa produzir mais não deve receber mais e portanto ter mais?
e se uma pessoa se recusa a ter poder?deve-lhe ser concedido esse direito ou não? ou os argumentos são mto verdes?

"A igualdade é um princípio ético. **O** princípio ético que diferencia a Esquerda da Direita."

e ele está antes de escolhas individuais por exemplo? a igualdade e a liberdade individual têm que estar em patamares diferentes.

"Porque os direitos (naturais) de alguém, por definição, não são passíveis de serem retirados fruto de decisão colectiva."

eu não afirmei que eram. coexistência e cooperação não implicam processos democráticos. dentro de favelas coexistem pessoas com vários poderes. existem pessoas com flat screens (não roubados), ao lado de pessoas sem sem televisão. falei de um natural estabelecimento de uma ordem urbana pulica/privada em lugares reprimidos pelo estado, que mostra que a propriedade privada tende a formar-se em comunidades. contrariar isso é contrariar a vontade das pessoas. o contrário são as tribos primitivas em áfrica sem propriedade privada, em que a maioria decide as tradições e as leis.
em que sentido a propriedade privada nessas comunidades representa desigualdade de poder e deveria ser combatida?

"Confio que em geral a maioria decide mais vezes em prol do bem-comum, ou seja o bem da maioria, porque tal é no seu interesse, do que uma minoria."

isso não é a defesa do status quo? o bem da maioria pode ser o mal de alguma gente... é legitimo na mesma. se a maioria considerar por exemplo que os imigrantes, ou os seus produtos, prejudicam a economia nacional, deve ser permitida, tal como é actualmente, a sua proibição?

Pedro Viana disse...

"e se essa relação de poder for voluntária? ou seja a submissão voluntária de um filho ao pai? de um empregado a um patrão?"

Não existe submissão voluntária. Em particular, de onde foi tirar a ideia que um filho se submete voluntariamente a um pai?! Tal implicaria uma escolha livre. E devia saber que uma criança, ou adolescente, aidna não tem maturidade intelectual e emocional suficientes para fazer escolhas livres sobre questões que o afectem, ou outros, profundamente. Por alguma razão às crianças não é atribuído o direito de voto.

Mas, mesmo quando consideramos adultos, submissão voluntária é um conceito contraditório e portanto impossível. Se uma dada acção é voluntária, então isso quer dizer que quem a efectuou pode em qualquer altura actuar de modo a anular os efeitos da acção anterior. Ou seja retém toda a liberdade para agir como bem entender. Mas, a submissão de alguém a outro implica a perda de liberdade no que respeita a certas acções. Portanto, ninguém se submete voluntariamente, no sentido estrito da palavra. Se alguém aceita efectuar acções com que não concorda, então efectivamente a sua submissão não é voluntária.

"e uma pessoa produzir mais não deve receber mais e portanto ter mais?"

Não necessariamente. Depende exactamente do significado que se atribui ao mérito, ao valor que se atribui à igualdade. É prefeitamente válido do ponto de vista "ético ou moral" defender que devemos produzir tanto consigamos ou queiramos, e reter/receber apenas o que necessitamos.

"e se uma pessoa se recusa a ter poder?deve-lhe ser concedido esse direito ou não?"

Quem não o quiser usar, não o utiliza. Poder é potencial. Não é acção. Mas antes de actuar é preciso poder.

"e ele está antes de escolhas individuais por exemplo? a igualdade e a liberdade individual têm que estar em patamares diferentes."

A questão da igualdade precede a da liberdade individual. Antes de respondermos à pergunta: que fazer para sermos mais livres? Temos de responder à pergunta: queremos que todos sejam **igualmente livres** ou não? E igualmente livres quer dizer com igual poder. Porque muitos se esquecem que a liberdade não é um conceito isolado. Liberdade quer dizer, no concreto, liberdade para **poder** (ser ou fazer algo). Portanto, igualdade na liberdade significa necessariamente igualdade no poder, de poder. O objectivo da Esquerda é que todos sejam igualmente livres, ao contrário da Direita, cujas várias correntes identificam diferentes grupos na sociedade merecedores de mais liberdade (poder) do que outros.

"coexistência e cooperação não implicam processos democráticos"

Indentificar cooperação com a submissão (involuntária...) da maioria a uma minoria (de outro modo estaríamos perante um processo democrático) é original, sem dúvida...

Anónimo disse...

existe submissão voluntária. sexualmente, ou casos de idolatria por exemplo...abrange várias esferas sociais.. a não ser que tenha informações cientificas em sentido contrário...

"Não necessariamente. Depende exactamente do significado que se atribui ao mérito, ao valor que se atribui à igualdade. É prefeitamente válido do ponto de vista "ético ou moral" defender que devemos produzir tanto consigamos ou queiramos, e reter/receber apenas o que necessitamos."

nesse sentido, como se estabelece a relação entre o cristiano ronaldo e um jogador da segunda divisão, em que ambos trabalham o mesmo numero de horas e fazem a mesma coisa. alguém vai decidir o que o ronaldo deve reter como necessário?

"liberdade para poder" é um conceito completamente destruído a partir do momento que o homem nasce. é pura engenharia social, que é o que nos assistimos.

ser igualmente livre não significa liberdade. mas aí obviamente discordamos. faz-me lembrar quando o arquitecto Le corbusier propôs as mesmas habitações para todos. uma cidade com as mesmas condições para todos é anti humano e é destrutivo...

"Indentificar cooperação com a submissão (involuntária...) da maioria a uma minoria (de outro modo estaríamos perante um processo democrático) é original, sem dúvida..."

o que não é original é a sua deturpação das minhas palavras mais uma vez.não afirmei isso, nem o seu contrário. informe-se sobre sistemas complexos por exemplo, para ter uma ideia de como a cooperação e a coexistência não envolve processos democráticos.