19/12/11

Fuga de cérebros

Álváro Santos Pereira:
«Sabe qual é a exportação nacional mais bem sucedida das últimas décadas? Não, não são os têxteis nem o calçado, ou sequer o turismo. E também não são os moldes, as tecnológicas, ou até as energias renováveis. Não. A exportação nacional que mais tem contribuído para atenuar o nosso défice externo é... a nossa mão-de-obra. Todos os anos, dezenas de milhares de portugueses emigram para os mais variados destinos do mundo. Nos anos que se seguem, esses emigrantes trabalham e poupam nos seus países de acolhimento, enviando parte das mesmas poupanças para Portugal (as chamadas remessas). E é assim que, todos os anos, o nosso país recebe centenas de milhares de euros dos trabalhadores “exportados”. Nenhuma outra exportação nacional tem gerado tantas receitas para o país.

O problema é que, como em tudo, a exportação de trabalhadores nacionais precisa de ser competitiva. E essa competitividade tem-nos saído cada vez mais cara. Nos anos 60 e 70, o emigrante típico tinha poucas qualificações, de modo que não era muito caro “produzir” e “exportar” um trabalhador. Porém, o mundo mudou e agora os emigrantes portugueses têm de “competir” com chineses, indianos, ou cidadãos de outros países para emigrarem. E é assim que começámos a exportar muitos dos nossos trabalhadores mais qualificados. Actualmente, Portugal exporta licenciados, mestres e até doutorados em números tais, que já somos o segundo país da OCDE com a maior “fuga de cérebros”.

Resta saber se, no futuro, os custos dessa exportação para a economia nacional não serão bem maiores do que os benefícios.»
[Via Esquerda Republicana]

5 comentários:

Fernando disse...

E quanto paga o Estado português para formar esses cérebros?

Quanto beneficia uim país como a Inglaterra, onde se abrem as fronteiras para absorver apenas a mão-de-obra qualificada dos outros países? Não poderemos chamar isto de "imperialismo democrático"? (Muito longe de uma sociedade de mercado livre, onde o livre trânsito também permitiria aos pobres dos países pobres sair da miséria?)

E quanto a essas remessas, duvido muito que representem coisa que se veja. Há que ter em conta que os descontos são feitos no país de origem, as patentes passam a pertencer a esses países, e por aí adiante.

Miguel Madeira disse...

Imagino que era isso que o Álvaro (em 2010) queria dizer com "[r]esta saber se, no futuro, os custos dessa exportação para a economia nacional não serão bem maiores do que os benefícios"

Fernando disse...

Miguel Madeira, eu entendi, mas o meu comentário visa mais a "democracia" da questão: é natural que os cidadãos ingleses prefiram votar em partidos que privatizem a educação (estudar lá é MUITO caro), pois o país pode beneficiar mais se for "free-rider" ao beneficiar com o estado providência que ainda existe nos outros países, e lhes fornece os cérebros. (Bónus: a desintegração da URSS também deu origem a uma fuga de cérebros... se bem que foram absorvidos maioritariamente em empregos desqualificados)

Nesse sentido, a aberração da situação é a seguinte: 1 - os ingleses de direita não serão verdadeiramente liberais, porque não querem abrir totalmente as fronteiras e receber os pobres (para quê, se podem receber só os cérebros que podem criar riqueza na city?) 2 - os cidadãos de esquerda, que pedem mais Estado Social, contribuirão para empobrecer o país (é um facto!) em relação ao status quo.

Se a solução não for o internacionalismo da classe trabalhadora, continuaremos presos a imperialismos de vários eixos, prestes a entrar em choque, como se prevê pela posição que a inglaterra vai tomando.

(Para um libertário de direita também será uma situação muito pouco favorável a curto prazo... mas este pode argumentar que a solução passa por privatizar o ensino em todo o mundo, coisa que pode vir a ser concretizada com a enorme crise que se aproxima e a consequente política de choque)

the revolution of not-yet disse...

vão fugir?

não se pode dizer que sejam, mas enfim acho que a coreia do norte é um bom destino

the revolution of not-yet disse...

A maior parte dos cérebros exportados foi de pessoal com a 4ª classe que fizeram empórios comerciais e casas de azulejos e quintas de brasileiros

eram uns cérebros assis a modos de tacanhos

agora com cérebros desta qualidade os papa miolos da papua nova guiné vão ter anos de prosperidade

9 de cada 10 cérebros são moldavos uk's pakis brasilêiros...num brasileiro é igual a pituguês num tem cérebrus