27/12/11

Indignação e Resignação

Há razões mais profundas para não nos resignarmos à indignação. Mas basta que isto — a evidência que de que os Deolinda e os Homens da Luta são um avanço face ao que costumávamos ouvir, do festival da canção ao coliseu, só pode ser negado por quem vê na música apenas um conjunto mais ou menos harmonioso de notas, cuja qualidade se avalia, sobretudo, pelo necessário divórcio com o movimento de massas —  seja o discurso de um indignado consagrado do momento, para que qualquer espírito minimamente impregnado pela tradição crítica da racionalidade democrática não possa fazer outra coisa que não seja cultivar os sentidos sóbrios e o olhar desenganado que são condição de qualquer emancipação ou maioridade política digna desse nome. Quem foi, de resto, que disse que a indignação e a resignação não podem ser as duas faces de uma mesma moeda?

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