22/12/11

Três histórias do Natal presente

1. José foi apanhado de surpresa: “Mas não deviam ser três? E onde é que está o ouro?” Levantando os olhos dos formulários, Gaspar tartamudeou: “Deve haver um equívoco. Eu vim cobrar, não deixar prendas. Pelas minhas contas, aí o miúdo deve meio litro de sangue e um rim. Há uns simpáticos banqueiros mesmo a precisar, faça-se a vontade da Santa Troika. Mas pare de me bater com o cajado, que sou só um pobre cobrador!”

2. Kim Jong-il, após o seu falecimento, seguia em trânsito sabe Deus para onde. E deu por si num sonho do nosso Passos Coelho. Saiu logo um discurso empolgado: “Camarada, vais pelo caminho justo! Portugal vai ser a nova Coreia do Norte: pátria de milhões esfomeados, sem horizontes ou sonhos que não sejam os que a TV lhes impinge. E também atiras todas as culpas para os demónios estrangeiros, os tais mercados. Mas ainda tens muito a aprender: no meu lindo país, só havia manifs para me aplaudir. Dá cabo desses comunas, camarada!” O bom Pedro acordou neste ponto do milagre. E só teve fôlego para murmurar: “Querida, tive um pesadelo horrível, com o Mao Tsé-Tung, imagina!”

3. Se tivesse mais uns centímetros de coluna, poderia contar-vos como a PSP prendeu ontem um idoso prestes a ser linchado por populares. O depravado ancião, com uma bizarra farpela vermelha, foi visto a convidar crianças para se sentarem ao seu colo a troco de uns “presentes”. Até à esquadra não parou de berrar ameaças aos agentes e circunstantes: “Vão todos receber baldes de ***** este ano!” Pois.


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