20/01/12

Os pressupostos de Cavaco

Pois é, Sérgio e Joana, mas, quando o pobre homem se queixa que os, mais coisa ou menos coisa, dez mil euros das suas reformas (esqueceu-se das acções e outros títulos de rendimento, mas não é por aí que o gato vai às filhoses) não lhe vão chegar para pagar as despesas, o problema não está tanto nos vícios escondidos, ou virtudes mais ou menos discretas, em que ele investe o que aufere de pensões e acções, como, sobretudo, na miséria mental, condição sine qua non da material, a que a ausência do espírito da iguladade democrática condena o que ele supõe, e não andará longe de acertar, ser a maioria da gente que o ouve, supondo que essa maioria admitirá sem mais explicações a necessidade de um PR ganhar mais do que um varredor, como admite que o primeiro é mais necessário do que o segundo — sem se deter um momento para considerar que é, apesar de tudo, e ainda que o rendimento recebido fosse nos dois casos o mesmo, menos desagradável, embora menos necessário, ser um PR do que um varredor que, sendo as coisas o que são, não pode o tempo todo, durante a maior parte da sua vida desperta, ser mais nada.

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