13/05/12

Atenção ao Passa Palavra

O Passa Palavra acaba de publicar um importante texto que retoma e precisa os seus propósitos e princípios peculiares. Embora apresentado como resultado de um debate interno, o texto agora publicado está muito longe de interessar apenas ao próprio colectivo que faz o Passa Palavra. Acompanhando a viva recomendação de uma leitura na íntegra, aqui ficam, à laia de prova, os dois parágrafos finais do documento.

Entendemos que, para além de apontarmos as mazelas produzidas pelo capitalismo e nos posicionarmos contra a cobertura das grandes corporações de mídia, num trabalho de desconstrução das mentiras que nos são impostas, devemos também enfatizar a reflexão crítica sobre as limitações e contradições de nossas lutas e organizações e sobre os caminhos que levaram à nossa derrota. Isto exige a coragem de reconhecer que fomos vencidos. Não só de o reconhecer, mas de o afirmar publicamente. E não só de o afirmar, mas de erguer a partir daí as nossas reflexões. Não adianta dizer o quanto somos bons ou o quanto somos injustiçados e o quanto eles são maus, mas importa reconhecer que, se fomos vencidos, é porque fomos fracos. Por isso, a reflexão sobre nossas fraquezas já é, por si mesma, uma proposta política. Essa reflexão implica, mais uma vez, que pensemos sobre nossos limites e procuremos saídas para os desafios com que deparamos. 


Ao iniciarmos debates, ao desenvolvermos o sentido crítico, ao colocarmos em causa lugares-comuns admitidos por preguiça mental ou por oportunismo político, estamos a adiantar propostas, uma vez que a política é, por definição, um campo cujos acontecimentos não podem ser tratados sem ao mesmo intervir nos seus desdobramentos. É esta a nossa proposta política e é com ela que procuramos nos diferenciar de outras propostas políticas. Nesse sentido, entendemos que projetos que tenham a finalidade de estimular a reflexão crítica são capazes de adiantar muito mais propostas do que aqueles que se confinam a receitas ideológicas e a manuais de correta atuação política. Não entender que a reflexão crítica é, por si mesma, propositiva significa cair no dogmatismo, que consiste na escolha de ideias já feitas. Então, ou temos um esforço crítico ou um fast food ideológico, que, se não é paralisante, mobiliza apenas para a produção do consenso.

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