16/09/12

1385

Não devo ser só eu quem nos últimos tempos depara cada vez mais com vozes da "esquerda" nacionalista e soberanista da região a invocar 1385, em termos que prenunciam a sua disposição a aclamar um novo Mestre de Aviz que se proponha salvar a pátria e a simbolizar a unidade e a independência nacionais, contra o "estrangeiro". O que não impede, para quem queira ver as coisas com os sentidos sóbrios que convêm às lutas e à deliberação democráticas, que, dadas as raízes e a matriz manifestamente internacional da crise e da dominação oligárquica que a alimenta e explora, a alternativa passaria antes pela organização e coordenação de movimentos de democratização instituinte, através do exercício de uma cidadania activa, para começar à escala europeia, prefigurando o federalismo e o autogoverno dos cidadãos do mundo. A liberdade e a igualdade democráticas não podem ser protegidas nem garantidas por "defensores do reino" cujo governo, por definição as exclui. Só na acção que reforce e expanda o poder político dos cidadãos comuns organizados pode encontrar protecção que a não destrua, garantia que a não suspenda ou subordine.

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