30/10/12

Dicionário abreviado de Coelhês


Aritmética – 1. Arte esotérica que em tempos idos garantia, por exemplo, que a cobrança de IVA não sobe em ano de recessão profunda. 2. Botabaixismo.
Banca – 1. Amigos que nos hão-de dar emprego quando isto der para o torto. 2. Que merece todo o apoio e consideração.
Direitos – 1. Ilusões que povoam os cérebros desnutridos do lumpen. 2. Reivindicações mais que justas dos amigos e patronos (cf. “Banca”).
Emigração – Forma de relocalização recomendada a descontentes, manifestantes e outros madraços.
Estado – 1. Armazém de benfeitorias a distribuir com critério. 2. Entidade maternal a que os inúteis recorrem. 3. Local onde certas espécies parasitas dominantes depositam os seus ovos, para depois eclodirem como larvas vorazes.
Exigência – Modalidade de avaliação destinada a todos excepto a ministros, parceiros de coligação, universidades esconsas e grandes fortunas.
Mercados – Divindades a quem devemos pagar tributo de quem só os acólitos certificados conseguem descortinar as insondáveis vontades.
Não – Sinónimo de “Sim”. Usado para negar, por exemplo, um novo pedido de ajuda que se sabe iminente.
Piegas – Qualquer indivíduo que ache mal ter de viver sem dinheiro, curar-se sem medicamentos, manter a esperança sem futuro à vista.
Refundação – 1. Admissão tímida de engano monstruoso, mantendo no entanto a pouca face que sobra. 2. Inescrutável processo que implica a transferência de culpas próprias para terceiros. 3. Milagre.
Rigor – Antónimo de “Orçamento de Estado”.
Social – Designação genérica de doenças que têm como sintomas a preguiça, a irresponsabilidade e um destrutivo desejo de exigir condições de vida vagamente humanas.

1 comentários:

Anónimo disse...

muito bom!