13/08/15

Corbyn. Um improvável esquerdista

Depois da humilhação dos trabalhistas nas últimas eleições a generalidade dos comentadores apelaram a uma ainda maior viragem à direita do Labour. Incapazes de reconhecer as razões da sua desdita optaram por recomendar uma cada vez maior aproximação ao que os conservadores vinham a fazer. Para esses comentadores recuperar o blairismo era a chave de todos os sucessos futuros.
Inesperadamente, na disputa pela liderança do Labour intrometeu-se um "esquerdista" desde sempre mantido a uma confortável distância da sua liderança.
Acontece que este esquerdista parece estar em condições de ser eleito o novo secretário geral dos trabalhistas, imprimindo ao partido uma acentuada viragem á esquerda. Atente-se no que ele se propõe fazer: 
"On Friday, the day the first ballot papers are sent out, Corbyn will hold a rally in Glasgow to outline his plan, entitled Standing to Deliver, saying it is a commitment to “a new kind of politics: a fairer, kinder Britain based on innovation, decent jobs and decent public services”.
It will include opposing austerity, a lower welfare bill without cuts, action on climate change, public ownership of the railways and energy sector, rent controls, no more illegal wars, and an end to privatisation of the NHS."
Leram bem? empregos decentes, oposição à austeridade, posse pública do sector da energia e dos caminhos de ferro, controlo das rendas e fim à privatização do serviço nacional de saúde. O homem deve ter enlouquecido, não acham?
Tony Blair acha que estamos perante um doido varrido. E, hoje, dia em que se iniciaram as votações para a nova liderança, veio apelar à nação trabalhista para que parem o doido varrido, que parece quererem eleger.
O Toni está tão preocupado que apela mesmo aos que o possam odiar." If Jeremy Corbyn becomes leader it won’t be a defeat like 1983 or 2015 at the next election. It will mean rout, possibly annihilation. If he wins the leadership, the public will at first be amused, bemused and even intrigued. But as the years roll on, as Tory policies bite and the need for an effective opposition mounts – and oppositions are only effective if they stand a hope of winning – the public mood will turn to anger. They will seek to punish us. They will see themselves as victims not only of the Tory government but of our self-indulgence ", diz ele, angustiado.
Caso para desde logo simpatizarmos com o improvável futuro líder. Será que no coração do sistema neoliberal a social-democracia começa a dar passos para se libertar da tenaz do império financeiro e para deixar de mimetizar a direita mais retrógada?



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