05/04/16

Panama Papers. Não exageremos nas expectativas.

O último grande escândalo, envolvendo uma rede corrupta de fuga ao fisco a um alto nível e de desvio de verbas públicas para bolsos privados, está neste momento a ocupar o centro das notícias. Aí permanecerá por mais alguns dias e depois, progressivamente, sairá de cena. Acontecerá com o Panama Papers  o que aconteceu, no passado recente, com outras bombásticas revelações. Apesar do mérito do jornalismo de investigação que o ICIJ pratica, o status quo tende a gerir eficazmente os danos causados por estas notícias, minimizando ao máximo o seu efeito transformador. Os offshores estão para durar e será naif esperar por grandes decisões políticas que os coloquem em risco. Medidas globais para combater os offshores são tão expectáveis como anúncios próximos da descoberta do elixir da eterna juventude. Mas há quem reclame por medidas do seu próprio país como acontece com o líder do Labour. Sendo este um mega esquema global é ou não verdade que há uma dimensão nacional? Afinal, não é verdade, que as grandes empresas, por exemplo portuguesas, recorrem a países europeus nossos parceiros, para evitar pagar impostos, embora, muitas delas, não se cansem de propagandear a sua fantástica costela social? Afinal quem desconhecia que a austeridade brutal que se abateu sobre os cidadãos europeus é a contraparte da imensa fuga ao fisco por parte da pequena elite que captura a maior parte do rendimento?  Qual a contribuição desta brutal fuga ao fisco para os famigerados défices públicos? São as despesas com o Estado social que importam ou é esta colossal fuga aos impostos por parte dos mais poderosos?  Isto não é novo, como refere Luís de Sousa, o dinheiro é todo lavado da mesma forma e isso acontece assim há décadas. Infelizmente assim irá continuar.

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