23/02/17

Como chamar à cegueira orientada do Fisco?

Produtividade? Eficácia? Eficiência? Talvez nenhuma destas palavras seja adequada para descrever a facilidade com que, no período em que a maioria dos portugueses viu o seu rendimento baixar e os impostos que pagam sofrerem um aumento colossal, a Autoridade Tributária ter revelado uma completa incapacidade para evitar a fuga ao Fisco, quando ela envolve somas desta natureza. Talvez a palavra certa seja Capacidade. Capacidade para cobrar o máximo aos mais fracos - como dizia o Jerónimo de Sousa, para ser fraco com os fortes, os trabalhadores, os pequenos e médios empresários - e cobrar o mínimo aos mais poderosos. Voltando ao  líder comunista, ser fraco e até amigo com os fortes, os que ganham muito a colocar os seus capitais em paraísos fiscais.
Convenhamos que esta situação foi implementada sobretudo depois de o Paulo Macedo ter liderado a AT. Data dessa altura a melhoria sistemática da receita cobrada sem que ninguém se interrogasse como ela era conseguida. Através de meios de saque fiscal que tornam a vida dos pequenos empresários e dos trabalhadores um inferno.
Esta fuga de 10 mil milhões  é apenas a última conhecida. Seguir-se-ão outras e assim sucessivamente. E as discussões sobre comissões de inquérito e outras frivolidades continuarão, eternamente. Afinal será que o assunto é assim tão demasiado grave? Bem como o reconhecimento de "discrepâncias", porque é dificil não reconhecer que há discrepâncias significativas, não é? Dez mil  milhões é significativo, não é ?
O líder comunista deu nomes aos que perdem, aos que são mal tratados pela AT, abusados pela AT mas falta dar o passo seguinte e mostrar capacidade para propor alterações às regras que são chocantes e acabar com a cultura do "pague primeiro proteste depois e veja lá, porque o melhor é calar-se senão ainda a coisa lhe sai mais cara." É que alterar essas regras pode determinar uma  perda de receita e depois como é que se faz frente a estas inevitabilidades?
Portugal não muda. Os portugueses são as suas vitimas dilectas. Tratar-se-á de auto-punição?

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