30/04/18

Um facto é um facto (actualizado)

O Público noticia na sua edição online que "Milhares de contas com ligações à Rússia ajudaram Jeremy Corbyn". Pelo que se percebe, lendo a parca notícia, a ajuda fez-se sentir nas eleições legislativas de 2017, quando o Labour retirou a maioria absoluta aos conservadores, fazendo abortar o golpe promovido pela primeira-ministra, Theresa May, que antecipara eleições visando capitalizar os louros do Brexit. Como sabemos ajuda foi coisa de que Corbyn não parou de precisar desde que conquistou a liderança do Labour. Ajuda parece que não lhe falta entre os seus concidadãos, a julgar pela resiliência.

A noticia do Público apoia-se numa "investigação" promovida pelo Sunday Times, um jornal claramente identificado com o apoio político aos Conservadores. Esta noticia foi replicada na imprensa inglesa e mereceu uma resposta por parte do Labour. Diga-se que o assunto não mereceu muito destaque, já que o essencial da artilharia anti-Corbyn tem estado centrada na acusação de anti-semitismo. Fica aqui a ligação para a resposta que o Labour emitiu através de John MacDonnell.

O jornalismo - acho eu, que sou apenas um leitor - baseia-se em factos. Factos e  o direito ao contraditório. Sob pena de, em vez de factos nos estarem a vender fatos.

Entretanto realizam-se Eleições Locais no próximo dia 3 de Maio. Eleições que, segundo vários analistas, são uma oportunidade para marcar uma posição em defesa dos fragilizados serviços municipais, devastados pela austeridade. Austeridade cujo fim está no centro do debate político já que o Labour apresentou um programa de intervenção estatal, na promoção de habitação pública marcadamente social, cuja aplicação obriga a uma rotura com as orientações seguidas nos últimos 20 anos por trabalhistas  - Blair - e Conservadores - Cameron e May.

A importância das eleições e o seu significado político foram reconhecidas pelos Conservadores que recorreram a  todos os meios para dificultar a votação das minorias. O escândalo Windrush que levou à demissão da ministra do interior, Amber Rudd, não se tratou de um esquema para conter a imigração, mas de uma acção de banimento  - à lá Trump - de pessoas que vieram para o Reino Unido depois da segunda guerra mundial e que desde 2012 viram os seus direitos serem progressivamente negados, tendo muitos sido expulsos e outros sido vitimas da falta de cuidados de saúde. A revelação de intenções desde sempre negadas pela Ministra levaram à sua demissão.

Acresce a peregrina ideia de concretizar uma reforma do sistema de voto que parece destinada a dificultar a participação das minorias, tradicionalmente idfentificadas com o Labour.

ADENDA: a situação da expulsão dos britânicos - ou, pelo menos, cidadãos residentes em solo do Reino Unido desde que para lá foram viver com os seus pais, emigrantes de origem maioritariamente caribenha - sofreu novas actualizações. Será interessante ler esta  noticia em que são feitos relatos na primeira pessoa de vitimas dessa ameaça. O Labour desempenhou um importante papel na denúncia desta política  do Governo conservador marcada pela crueldade extrema, mas foi a imprensa quem fez o essencial desse importante papel de defesa da democracia e dos seus valores.

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